quinta-feira, 22 de março de 2012

Danza del cielo nero*

Um raio cortou o céu na noite escura e rompeu as imagens que corriam pela minha mente naquele estranho sonho, me sentei na cama me perguntando o que poderia ser aquilo. Levantei e fui até a cozinha, Luna dormia pesadamente, Raini parecia estar tendo um ótimo sonho já que tinha um sorriso estampado, meu corpo estava suado, talvez devido à agitação do sonho, bebi um copo de água gelada na esperança de ficar “tonto” e dormir, como de costume. Tentativa frustrada, eu apenas ficava com a mente e imaginação presas as imagens, imagens tão reais como se eu pudesse tocá-las, era um segundo uma linda lamina azul brilhante com um centro feito de prata ricamente detalhado, tão detalhado que até parecia ser vivo, em outro instante eu via uma garota com longos cabelos negros, vestindo o que parecia ser uma armadura medieval, como as da minha família, havia a cabeça de um tigre branco ornamentada em prata detalhada e brilhante em seu peito, ela sorria alegremente e me estendia a mão, eu quase podia pegar.
Uma ideia me veio à mente como um relâmpago, poderia essa ser a chave para vencer a guerra que se aproximava? Eu não podia ficar com uma duvida dessas em um momento tão “calmo” como esse, eu precisava ir até a única pessoa capaz de me contar a verdadeira historia, uma pessoa que viu acontecer no exato momento, Clocker o ser do tempo. Depois de tomar essa decisão corri até meu quarto, peguei minhas luvas, botas, manoplas, armadura e meu capacete, escrevi um bilhete para Luna e Raini dizendo “... Encontrei uma pista, volto logo...”, coloquei o papel no mural, peguei minha mochila e desci pelo elevador até o “deck de lançamento”. Eu precisava de algo pequeno para ir ao meu destino então peguei Skysong, a minha prancha e a coloquei no encaixe cúbico da catapulta de lançamento e fui ao painel de lançamento Nº 5, programei, subi na prancha e algum tempo depois os encaixes de contenção da catapulta desceram e ela começou a correr em linha reta ao longo dos cinco quilômetros necessários para atingir os quinhentos quilômetros por hora.
Ao final do trajeto eu estava cruzando um mar de nuvens negras com raios que mais pareciam serpentes marinhas dançando pelo céu, a base pela qual eu havia sido lançado era “Nostro Giardino”, era uma ilha incrível, ela abrigava os tipos mais raros de animais e vegetação, mas ela iria ser afundada por Montrel quando ele descobriu que eu a usava como um segundo lar, foi bem difícil, mas com a ajuda da SPARK nos botamos a ilha inteira no ar!
Demorou cinco segundos para meu GPS traçar a rota até Clocker, o destino era Londres no Big-Bang, normalmente uma viagem assim levaria horas, até mesmo dias, mas Skysong era um veículo de alta velocidade, uma pessoa normal usando ela em sua potência máxima morreria de asfixia, eletricidade era meu forte então velocidade não era problema para mim, juntos podíamos facilmente quebrar a barreira do som e chegar a qualquer destino depressa, parti do meio do Oceano Pacifico e em pouco tempo estava no relógio.
Entrei pelo topo e desci até o vitral do relógio, a primeira vista parecia um lugar normal, engrenagens, o lado oposto dos ponteiros e o cheiro de óleo e graxa, mas a porta era o próprio vitral, era necessário correr e se atirar contra ele de forma suicida, afinal quem pensaria em algo assim! Eu me joguei, um paradoxo se formou e de repente eu estava em uma sala enorme com o desenho de um relógio no chão, janelas ao redor que mostravam a cidade de Londres o que me fazia pensar que estava dentro da torre do relógio, o lugar todo estava mais luxuoso do que da ultima vez que o vi, tinha peças mais rústica e ao fundo o vitral do Big-Bang, logo a sua frente havia uma pequena escadaria de mármore e no topo dela estava Clocker segurando seu relógio de bolso de prata e com seu monóculo, sem olhar para mim disse:

-Cinco minutos atrasado!
*(Danza del cielo nero – Italiano: Dança do céu negro)

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